quinta-feira, 9 de setembro de 2010

O segredo é eterno


Quinta-feira, por volta das seis e meia da tarde, resolvi não ir para casa mesmo sabendo que iriam estranhar.
Entardecia, o sol avermelhado ia se pondo tranquilamente no horizonte do mar e eu vagueava lentamente pela areia da praia, sozinho. Caminhava lentamente, observava tudo fixamente, mas ao mesmo tempo era como se não visse nada.


A lua já estava alta, cheia, o céu estrelado, lindo. Poderia servir para de inspiração para mais uma das parvoíces que eu escrevia, coisas sem grande valor. Era o que eu achava, pelo menos. Mas já havia algum tempo que eu não conseguia “escrivinhar” nada e, talvez conseguisse e que colocasse fim nessa minha angústia. Foi o que pensei…
A brisa trouxe-me um papel branco como em jeito de convite para a escrita.
O barulho das ondas pareciam me chamar e, o mar avançava, queria alcançar a lua mas a cada momento ela mudava de lugar, fugia de mim, e ficava cada vez mais longe.
As ondas continuavam a me chamar, mas agora elas gritavam mais alto. Resolvi me levantar.
Desconfiava, ou melhor, tinha certeza que algo de estranho estava acontecer. Não havia passado nem uma semana que cortei as unhas e… tinha de as cortar outra vez.
Pode ser psicológico! Pior de tudo era a minha paixão pela Lua.


A esta hora da noite desce uma nostalgia incontrolável que morde a alma e vontade de escrever sobre uma mulher que amei num tempo recente, porém os olhos do menino, o sorriso sujo, a cara molhada de medo e coragem, não me deixam pensar.
Por isso não conseguirei escrever sobre a mulher que desejei, numa tarde de um dia qualquer...
Existem épocas que inspiram a imaginação, que trazem para a alma um sentimento que parece transportar a mente, e nos remete a uma atmosfera de sonho e fantasia.
Levantei os olhos e o lugar em que me encontrava agora parecia ter saído das páginas do livro que tinha lido à pouco, e que, neste momento, transformara-se num areal rodeado de agua, e estava completamente só… acho eu.


-Será que isto é mesmo uma ilha deserta? … é, se isto é uma ilha deserta eu sou o Brad Pitt.
Ao fundo reparei em duas palmeiras unidas pela “minha” cama de rede, nem queria acreditar.
O encontro marcado pelo pecado, pela paixão, pela espera do corpo emoldurado, que deitar-se-á e desabará sob minhas mãos...
Talvez, tudo fantasia...
Mas um lobo é sempre o lobisomem, em minha insónia tardia, desnudados e nus como a lua, que atravessa nuvens emoldurando o mar.


Lobos-amantes despem-se para amar...
Ainda não vivi este sonho, porque nós somos proibidos, e proibidos nossos olhares e nossas bocas suplicaram por viver esse único e eterno sonho.
Só sei que foi bom demais, e que suplicávamos por mais...
Quero te contar uma vez mais: o sonho foi único, e o segredo é eterno.